"Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar."
Caius Julius Caesar

28 novembro, 2009

Ámen II

A incompreensão que se possa sentir (penso que qualquer homem digno desse nome a sente) ao ouvir falar de abusos sexuais a crianças não legitima, automaticamente, que se digam inverdades.

Para se dizer o que quer que seja em relação à Igreja, em conformidade com a verdade, é preciso saber-se o que é, de facto, a Igreja, o que ela diz de si e do mundo e o que está por trás daquilo que diz. O texto é longo mas tem todo o direito a ser lido, com atenção redobrada por quem faz suas as palavras do artigo do nosso prezado e caro senador Rafael, em nome da liberdade de expressão e de contradizer.

I

Igreja (do grego ekklesia) significa, etimologicamente, assembleia e é o que ela é na realidade. Uma assembleia da qual fazem parte os baptizados mas na qual só participam os que querem. Portanto, a ideia de que a Igreja é uma instituição religiosa de papas, bispos, padres, freiras e monges, que (hoje em dia) vive pacificamente fora do estado mas que gostava de ter algum poderzinho temporal é um engano. A Igreja é uma assembleia onde o Espírito de Cristo se faz presente, onde os que nela participam O podem testemunhar e cuja missão é levar aos homens por todo o mundo a notícia do seu encontro pessoal com esse mesmo Cristo. Encontro pessoal: encontro de uma pessoa com outra pessoa e do qual resulta a felicidade extrema para a qual o homem foi criado. Daqui é claro perceber que a Igreja não pode ser uma instituição religiosa: é que o Cristianismo não é uma religião; uma religião é a procura de Deus/deuses/transcendências por parte do homem; diferentemente, o Cristianismo é o encontro pessoal do homem com Deus, em que Deus se encontra com o homem.

A partir daqui, podemos também concluir que a Igreja nunca poderia ser “Um grupo de indivíduos, que habitam num mundo distante, diferente dos restantes indivíduos a quem os primeiros chamam rebanho”. Como tal, Igreja e clero (papa, bispos e padres) não se confundem. O clero é um conjunto de homens que serve a assembleia, a Igreja. Os que servem são chamados ministros – ministério quer dizer serviço, na sua etimologia. Logo, o clero não é a Igreja; o papa, os bispos e padres fazem parte, como qualquer baptizado, da assembleia dos que se querem encontrar com Cristo e dos que se encontraram com Cristo mas não são ela nem seus donos.

II

Do acima exposto, podemos retirar que o que faz cada um dos membros da Igreja não influi, nem para bem nem para mal, na natureza da Igreja-Assembleia  ainda que prejudique – e pode prejudicar e de que maneira, como podemos ver pelo escândalo noticiado – a sua missão.

Agora podemos discutir com outra perspectiva as considerações feitas pelo nosso caríssimo senador Rafael.

 

1. O IRA não tem nada que ver com a Igreja Católica, ainda que muitos dos seus membros se dissessem, ou fossem mesmo, católicos. Aliás, basta dizer que muitos dos soldados do IRA tiveram problemas com padres por causa da sua luta (fica para outras núpcias a discussão sobre a legitimidade desta última);

2. Não será esta a melhor imagem daquilo que representa a igreja católica em pleno sec XXI? Um grupo de indivíduos, que habitam num mundo distante, diferente dos restantes indivíduos a quem os primeiros chamam rebanho, e que de vez em quando surgem em público ora para criticar a aprovação de uma lei, ora para incentivar a disseminação de uma doença, ora para molestar criancinhas?

Uma imagem é uma projecção da realidade. A imagem de que se fala será a projecção da realidade que é a Igreja. Já vimos o que é a realidade da Igreja (embora que sucintamente e em linhas pouco sábias). Logo, essa imagem só pode derivar de um erro (desconformidade entre a verdade e o conceito subjectivo da realidade).

2.1. Porque não há indivíduos que vivam em mundos distantes: é uma una assembleia, como já vimos;

2.2. Se o conceito de aparecer de vez em quando corresponder a aparecer todos os dias está muito bem essa imagem, pois que todos os dias os ministros da Igreja se pronunciam em público sobre todos os assuntos que interessa à vida do homem de hoje, seja através de documentos oficiais, seja através de meios de comunicação próprios, seja presencialmente. Mas é preciso que a impressão que se tenha de público seja uma que corresponda a um conceito largo de público e não se restrinja meramente a uma comunicação social de carácter telegráfico e efémero que aborda os temas, problemas e acontecimentos de forma breve, pouco funda e até leviana. Nesse público restrito, de facto, os ministros da Igreja só aparecem de vez em quando (não todos os dias)– ainda bem. Por outro lado, confesso nunca ter ouvido ninguém da Igreja a incentivar a disseminação de uma doença (também pode ficar para outras núpcias) nem tampouco fazer apologia do molestamento de crianças. Essa é uma leitura inadmissivelmente tendenciosa de alguém que comenta uma notícia e recorta a parte que lhe desfaz o comentário, salvo o devido respeito a quem o faz.  Vale a pena recordar o que disse o actual arcebispo de Dublin (que nada tem que ver com o escândalo) na mesma notícia: current Archbishop of Dublin, Diarmuid Martin, apologised to the victims, describing their abuse as an "offence to God". He said: "I offer to each and every survivor my apology, my sorrow and my shame for what happened."

3. Há ainda outra inverdade clamorosa quando se diz que os arcebispos não contaram nada à polícia: For their part, Gardai frequently ignored complaints from victims, effectively granting priests immunity from prosecution. The inquiry found that church authorities nurtured inappropriately close relations with senior police officers. (Gardai é a força policial irlandesa) Não há nada a acrescentar: pior foi a emenda que o soneto, maior o escândalo pela cobertura que o escândalo provocado pelos crimes, ou quase.

 

Assim, e em resumo, se um membro de uma instituição pratica um crime, todos devem com ele praticá-lo, com vista a deixar intacta a dignidade da santa sé (soa a mandamento?).

Este parágrafo é incompreensível face a tudo o que foi dito acima.

-Se o papa for nazi, todos o devem ser...

Este também o é mas em maior amplitude.

Deus nos salve! – Agora sem ironia.

18 comentários:

  1. A igreja e uma farsa, o opio do povo. Claro que por um padre ser pedofilo nao quer dizer que todos o sejam, mas que e verdade que a igreja catolica e uma instituicao reacionaria, retrogada, que fez pactos com regimes fascistas/nazis, isso nao podes apagar da historia. Nem o facto de a igreja se ter apoderado de bens que sao patrimonio da humanidade e que ainda hoje mantem fechados a 7 chaves ( com que direito ó tu que estudas direito, pergunto eu, com que direito?).
    Na verdade, a unica igreja que ilumina e a que arde, espero impacientemente que chegue a altura de arderem :)
    Ps: primeiro escrevi o comentario e so agora fui ler o texto ( algo idiota mas ja sei o que a casa gasta de modo que..) De qualquer maneira fica esta perola que retirei da leitura: "Por outro lado, confesso nunca ter ouvido ninguém da Igreja a incentivar a disseminação de uma doença" --- engracado quando a igreja diz que usar preservativo e contra as leis da igreja, que eu saiba o unico meio eficaz de prevenir DST's e pelo uso do preservativo. Claro que isso nao se aprende na escola pq a igreja esta sempre pronta para usar da sua influencia de modo a que nao exista essa disciplina ( mas religiao e moral ja existe, engracado como estas coisas sao).
    Tb nao percebo, deus esta em todo o lado, mas a igreja catolica diz que a igreja e a unica forma de chegar a deus, isto deita um bocado abaixo o deus omnipresente.. ou nao? e um deus surdo, que so ouve dentro das 4 paredes da igreja?

    Ja agora pq n permitem comentarios anonimos? e preciso esta palhacada toda, irra

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  2. 1. Não são permitidos anónimos porque os autores deste blog não pugnam pela cobardia escudada do anonimato;
    2. A atitude do sr. 510704025 é desconcertante porque se deu ao trabalho de comentar um texto sem o ler, revelando ignorância (que é não saber e não querer saber)
    3. Agradeço, no entanto, o comentário que me servirá para destituir o fundamento das razões que apresenta, em texto posterior, com o prejuízo necessário de que este blog ameace ser um blog acerca da Igreja, coisa que não era o seu objectivo nem intento dos fundadores. No entanto, as respostas têm que se fazer ouvir, e uma resposta a este comentário não tem espaço aqui.

    Com os meus melhores cumprimentos, especialmente ao sr. 510704025 .

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  3. Mas como ves, o anonimato permanece, quer queiras quer nao, no entanto ta descansado que os vossos amigos estao a tomar medidas para acabar com isso ( vou so referir o ACTA, o INDECT e o adabts).
    O meu comentario em relacao a n permitir comentarios anonimos e so pq assim da muita trabalho comentar, nao e para ser anonimo, 1º pq o daniel sabe quem sou, segundo porque nao mudei a minha forma de escrever, e 3º vim aqui com o meu ip, portanto como ves, se quisesse "ser anonimo" nada disto aconteceria.
    Obrigado pelos cumprimentos. Uma forte canhota para ti \m/

    PS: em pouco menos de 14 horas cancelaram a conta do myspace lolol

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  4. Caro nº, respeitando o anonimato, recomendo melhor fundamentação das afirmações, de modo a que possamos elevar o debate...
    "Na verdade, a unica igreja que ilumina e a que arde". Esta frase revela apenas ódio, e não contribui para o diálogo desejável nestes fóruns.

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  5. Melhor argumentacao para que? toda a gente sabe que o fogo ilumina, e que por alguma razao o periodo da idade media em que o clero e a nobreza tinham o dominio sobre a sociedade foi chamado de idade das trevas aka periodo de barbárie, ignorancia e supersticao.
    Mas va la, nao tentaste rebater o facto de a igreja se ter aliado a regimes nazis/fascistas, ou porque sabes que e verdade, ou entao porque nao queres enveredar pelos caminhos obscuros de tentar descobrir a historia criminosa da propria igreja.
    Queres mais elevacao do que isto?
    Vou te deixar mais outra frase bonita: Eu interpreto a vossa biblia com um isqueiro na mao.
    A ver se e desta que o myspace para de apagar a conta, que isto e chato tar sempre a fazer novas :)

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  6. Talvez para a próxima semana escreva um artigo dedicado única e exclusivamente para o sr. IP. Espero que o leia antes de o comentar e se dar ao trabalho de abrir contas no myspace. Durante essa semana vai ficar com uma frasezinha para pensar como trabalho de casa, pode fazer as suas pesquisas (não seja tendencioso na escolha das fontes, por favor, ): "o papa Pio XII, o papa do Hitler, foi das figuras mais homenageadas pelos judeus no pós- II Guerra".

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  7. Quanto à relação entre a Igreja e regimes Nazis/Fascistas, não é bem verdade o que se diz. Sabe-se que, tanto o Hitler como o Mussolini, queriam eliminar ou tomar total controlo da religião a longo prazo. Ambos (especialmente Mussolini) até a podem ter usado, mas a longo prazo, a lealdade a Deus entraria em conflito com a lealdade ao Führer e ao Duce. Aliás o Hilter, lá para o fim da Guerra, já estava a expugnar a Bíblia de "influências judaicas" (leia-se Antigo Testamento) e tencionava criar um Cristianismo novo, mais compatível com o Nacional-Socialismo.

    Claro que daqui estou a excluir o Salazar e o Franco, que não eram Fascistas, mas isso é outra discussão.

    Quanto à Igreja, apesar de ser agnóstico, reconheço tanto a parte positiva e a negativa. Não podemos ter um ateísmo militante cujo objectivo é eliminar a religião. Há pessoas que se sentem e vivem melhor com a religião, umas por escolha outras não, mas há. E há que deixá-las à sua consciência.

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  8. A argumentação anticlerical mal fundamentada não vence, nem convence. Surgem na "vaga Saramago", sobre a qual deixo citação:

    ”O problema com o furor que provocaram os comentários de Saramago sobre a Bíblia (mais precisamente sobre o Antigo Testamento) é que não devia ter existido furor algum. Saramago não disse mais do que se dizia nas folhas anticlericais do século XIX ou nas tabernas republicanas no tempo de Afonso Costa. Já não vêm a propósito." Vasco Pulido Valente, historiador.

    Votos de um bom feriado.
    Dou por terminada a minha intervenção neste ponto.

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  9. lol
    lol
    lol

    Jose obrigado pelo trabalho de casa, vou realiza lo com tanto afinco como os trabalhos do ivo barroso.

    Antonio: deixa la as aulas do paulo otero e semelhantes, isso de escreveres que nao foi fascista so serve para os testes da faculdade reacionaria em que andas, n venhas ca para fora com as mesmas lengalengas que soa mal ;)
    Acho que importa distinguir duas coisas:
    A igreja catolica ( e todas as outras igrejas) e a fe num ser superior.
    E que quem tem fe, como o proprio nome indica e acreditar em algo que nao consegue provar, e isso cada um sabe naquilo que acredita, apesar de eu n acreditar e achar que e mais uma corrente que prende os seres humanos.
    Outra e a igreja catolica como instituicao e passado sangrento que tem, com patrimonio mundial que se recusa a libertar e atitudes de se intrometer na vida privada e do estado que sao intoleraveis. Relembro ate a bem pouco tempo a igreja catolica estava representada oficialmente nas comemoracoes do estado.. isto para um estado laico tem muito que se diga. A igreja ha cerca de 20 anos atras proibiu musicas de passar na radio(ave maria, xutos e bicos).
    Goncalo carrilho sabes que n tenho a classe nem a paciencia de um verdadeiro senatus lusitanus, e que isso de escrever textos bonitos deixo para os futuros deputados da assembleia da republica, com as suas demagogias e populismos.
    Se eu fosse aqui discutir se deus existe ou nao, deixava este link http://ateus.net/artigos/critica/doze_provas_da_inexistencia_de_deus.php
    Mas ainda e uma discussao mais facil, que e saber se a igreja e criminosa ou nao, se e correcto que tenha em seu poder patrimonio da humanidade, por isso desculpa la se nao tenho muito afinco em tarefa tao facil e que esta aos olhos de toda a gente :)

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  10. Mas o teu problema não é bem com reaccionários sangrentos, visto que para ti não há problema em implementar um estado que mata milhões, deporta milhões, expropria milhões em nome de nada. Os comentários que aqui deixas davam para escrever um livro refutando cada palavra, uma a uma, porque usas argumentos tautológicos, tão velhos como retrógados, insalubres e que muitas vezes roçam a manipulação dos factos.
    Quanto ao link que aí deixas deixa escapar muitos argumentos que provam a existência de Deus. Se eu fosse a ti começava a ler outras coisas. Postas sempre o mesmo para fundamentar o teu ateísmo. Quando eu digo começar a ler outras coisas é ler coisas que contradigam o que citas constantemente.

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  11. 510...qualquer coisa:

    1º - O Salazar não era fascista, e eu, que su completamente anti-salazarista reconheço isso por uma vasta série de razões. Não é influência do Paulo Otero nem da minha faculdade 'reaccionária'. Deixa de ser pseudo-revolucionário, mas é. Mas estamos a fugir ao assunto.

    2 º - A Igreja Católica cometeu tantas barbaridades (muitas delas no passado) como os regimes que usaram esse ateísmo militante que defendes (não tou a dizer que defendes esses regimes, desconheço a tua posição ideológica). Aliás esses regimes devem ter morto muitos mais milhões que a Igreja Católica, mas pronto, deve ter sido em nome de uma causa maior e nobre de certeza.

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  12. Estava aqui a ler este blog e achei que seria interessante participar.

    Ora, Salazar não era fascista? A menos que estejamos a ser mesquinhos em relação à semântica da palavra e a meter interpretações subjectivas ao barulho, o regime de Salazar foi fascista por definição...
    Primava pelo totalitarismo, pela censura, pelo controlo cerrado sobre a vida das pessoas (a PIDE não saiu propriamente de uma banda desenhada), exaltava a adoração cega pela pátria, impôs de forma obrigatória a frequência religiosa (católica) nas escolas (bem como no resto da sociedade), aboliu toda a espécie de direitos fundamentais do cidadão de carácter democrático e não só, entre várias outras coisas. Penso que não seja preciso citar mais nenhuma característica das que estão bem patentes na nossa História para que o regime de Salazar possa ser reconhecido como fascista, no entanto vou ainda salientar que se [esse regime] não o fosse [fascista], não haveria razão para prezar o célebre acto de Aristides de Sousa Mendes.
    E atenção, eu bem sei que a palavra fascismo está banalizada, tal não é a extrapolação do seu uso... Eu sou a favor do uso sensato e adequado da palavra. Poder-se-á dizer que Salazar não foi um fascista ao mesmo nível de um Hitler ou de um Mussolini, mas dizer que não o foi de todo, parece-me incauto.

    Em relação à relação promiscua entre a Igreja Católica e os vários regimes fascistas quero apenas relembrar alguns pactos: O Tratado de Latrão com Mussolini, a Reichskonkordat com Hitler, o reatamento da Concordata com a Santa Sé de 1940, com Salazar, a Concordata entre Franco e a Santa Sé de 1953... Por muito que se queira mitigar os acontecimentos e relacionamentos que estabeleceram, penso que é fácil de identificar (mas difícil de engolir) o facto de se ter estabelecido repetidamente uma agradável simbiose entre os regimes fascistas supracitados e os chefes da Igreja Católica.
    Ambas as partes procuraram servir os seus interesses e para eles, pelos vistos, os fins justificaram os meios. Não é de agora o desejo hegemónico por parte da administração da Igreja Católica, e penso que os regimes fascistas da altura representavam autenticas minas de outro para a Igreja. Regimes onde a taxa de penetração de mercado faria inveja a qualquer Navegador da Ordem da Cruz, no tempo das colonizações. (Peço desculpa de estar a estabelecer uma analogia sarcástica entre a Igreja e uma Multinacional sem noções de código de ética)
    Penso que a única dúvida prende-se mesmo com a seguinte questão: Qual das partes a mais interesseira?

    Em relação aos (inúmeros) casos de abusos sexuais de menores perpetrados por padres... Tenho a informar que os pedidos de desculpas por parte da Igreja a mim não me comovem, muito menos aqueles que são proferidos por Ratzinger... Gostaria de recordar dois documentos internos com origem no próprio corpo religioso sediado no Vaticano que aqui ainda não foi mencionado (o que acho incrível) que é o "Crimen Sollicitationis" e o "De delictis gravioribus", um deles redigido pelo próprio Ratzinger quando ainda ostentava (sim, esta é a expressão adequada a qualquer coisa que exista vinda do Vaticano) a posição de Cardeal.
    Long story short: Ao que parece a Igreja também não tem estado a fazer muito para combater os incomodáveis casos de abusos sexuais de menores. E tudo porque a imagem (a fachada) da Igreja é mais importante, pelo que entregar os prevaricadores às autoridades já que isso aparentemente seria contra-produtivo para a Igreja pois deixariam de existir em segredo para passarem a ser contabilizadas publicamente. Portanto é muito mais fácil acordar com os senhores em questão uma amigável troca de posição geográfica e acreditar que não tornará a acontecer no futuro.

    Bem e por agora é só.
    Cumprimentos.
    João Pedro

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  13. Oh jose eu cito esses exemplos porque gostava de te ver a dar lhes a volta, gostava que viesses aqui dizer que nao, que o vaticano apenas esta a proteger os livros para o bem da humanidade ou coisas assim, que a inquisicao n existiu, que a igreja catolica e tolerante.. ( agora ia por aqui uma piada mas ainda levavam a mal)
    Fora de brincadeiras, tu das a impressao que sou do pcp.. acho que devias comprar uma maquina de rotolos nova que essa anda um bocado avariada.
    Argumentos que provam a existencia de deus? Acho que nao e possivel provar se existe ou nao, apesar de acreditar que nao existe, por varios argumentos logicos, nao da para provar, por isso como as tuas provas se resumem a Fé, desculpa la mas isso nao sao provas. ( as minhas "provas" resumem-se a razao, claro que a Fe anula a razao, qual de nos esta certo? so DEUS sabera -_-).
    Antonio so para te informar que isso n se aplica a mim, n defendo nenhum regime nem nenhum regime que tenha morto milhoes "por uma causa maior". Isso tinhas que ir flr com os comunistas pa te darem com a cassete deles.
    A discussao nao e se deus existe ou nao, isso ja e dispersar como tavam a dizer. Mas se dizes que dava pa escrever um livro rebatendo tudo aquilo que digo, forca, certamente n te sera dificil fazer uma lavagem da historia e apagar os podres :)

    Ja agora deixo aqui um videoclip de ska-p chamado: "Crimen Sollicitationis" vem a proposito ne methodico? :P
    http://www.youtube.com/watch?v=jrFhXR5vr_g

    Siervo de Dios...
    Tocamientos, sacramentos, felaciones, juramentos
    te enseño mi doctrina en forma de erección
    Abuso de los niños, perversión y puro vicio
    bajo mi sotana puedes encontrar a Dios

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  14. Quanto ao Salazar, a minha definição de fascismo é claramente mais restrita que a tua. Para mim, houve Fascismo em Itália, na Alemanha (um bocado diferente, mas pronto), na Roménia (Legião de Ferro), Croácia (Utase), Hungria e outros estados-satélites do Terceiro Reich. E qual a característica unificadora desses Estados todos, que os destingue claramente do Estado Novo?

    1- O Fascismo era, tal como o Comunismo, uma ideologia revolucionária, isto é, pretendia pegar numa sociedade que eles viam como decadente, e, com grande ruptura e mudança, construir uma nova sociedade, povoada por um Novo Homem, como eles gostavam muito de dizer. O Salazar era tudo menos revolucionário. Não queria mudar radicalmente a sociedade, queria perservar e proteger o que ele achava ameaçado (ruralismo, tradição, etc.).

    2- Em Itália e na Alemanha (e especialmente na Alemanha), eras obrigado a participar "de livre vontade" na vida política, ou seja, a seres membro de tudo o que era organização. Não sei como era em Itália, mas na Alemanha, uma pessoa passiva, que não fosse opositora, mas ao mesmo tempo não apoiasse o regime, era determinada "asocial", algo entre "pessoa normal" e traidor, aos olhos do NSDAP. No Estado Novo, se te calasses ninguém te obrigava a participar. Claro que se falasses contra, tavas fodido. Não havia essa urgência em participar em tudo (excepto na Mocidade). Aliás, a Legião Portuguesa era uma farsa, toda a gente sabe isso.

    3 - O Fascismo puro é muito mais extremista e radical do que o Estado Novo. Não só porque era muito mais violento, e era-o visivelmente, como foi responsável, até em percentagem, por morte de muitas mais pessoas. A PIDE tinha torturas horríveis, e sim, morreram pessoas no Tarrafal. Mas não querias comparar ao que o Hitler e Mussolini fizeram. Aliás, Portugal nem sequer tinha pena de morte oficializada (apesar de haver uns asassinatos off-scene).

    4 - Portugal adoptou uma posição completamente neutra na Segunda Guerra, ao contrário da Espanha (que não se declarou neutra, apenas não-beligerante), não só por razões estratégicas e geopolíticas, mas também porque o Salazar não se decidia entre o totalitarismo do hitler e a democracia tradicionalista (na altura) britânica. O que mostra que estava situado algures entre os dois.

    5 - O Estado Novo não era totalitário no sentido verdadeiro da palavra. Era autoritário, sem dúvida, mas nem sequer estava implícito na sua ideologia uma submissão TOTAL do indivíduo ao Estado. Supostamente, o Estado teria alguns heterolimites, como a tradição e o costume. Ao contrário do Hitler e do Mussolini.

    Não sou de todo Salazarista. Como bom liberal que sou, abomino qualquer totalitarismo e autoritatismo, mas dizer que o Estado Novo era totalitário/fascista é um erro de terminologia. Que era autoritário, sim. Que tinha características fascizantes, sem dúvida (corporativismo, simbolismo). Mas que chegou ao nível do Hitler e do Mussolini? Longe disso. Eu até acredito que o Salazar fosse bem-intencionado, usou foi os meios completamente errados. O Hitler e o Mussolini eram psicóticos megalomaníacos, já para não falar nos ditadores comunistas.
    Seja como for, todos podemos concordar que foi um período muito negro na nossa história e que devemos aprender com os erros de metade do século XX.

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  15. Quanto à igreja, 510..., concordo com muitas das coisas que tu dizes, especialmente no que toca ao Crimen Sollicitationis (eu sou fã de Ska-P e gosto particularmente dessa música), só que acho que ateísmo militante não é solução. Eu já fui ateu, sou agnóstico agora. Cresci num ambiente muito religioso, e com a idade, em vez duma revolta completa, consegui ver o positivo e o negativo da religião. Há pessoas que se sentem bem com a sua espiritualidade, e se assim se sentem, deixem-nas estar.

    Que infelizmente a religião organizada ainda está corrupta? Sim. Mas a Igreja está no seu melhor estado desde do ano 313. Entretanto houve Inquisições, perseguiçoes, mistura de poder espiritual com temporal, etc. Coisas que estão completamente contra a doutrina Cristã.

    E há que lhes dar tempo, para ver se as tendências liberalizadoras triunfam. Eles nunca vão aceitar o aborto, sendo algo completamente contra os princípios do Cristianismo. Mas em breve hás de ver dogmas e velhas crenças a cair. Se em 100 anos a Igreja evoluiu tanto, agora é só esperar mais 50.

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  16. Eh pá CUM CATANO

    Essa de um anónimo ser um cobarde não me vai pela goela abaixo...e os que votam e não se identificam, também são cobardes?

    EXpplirca aí rapaiz...

    Poltergeist

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  17. Um anónimo não é necessariamente um cobarde, mas um cobarde gosta de ser anónimo. Para evitar essas cobardias temos o sistema de não anonimato. Comparar esses cobardes, que se escudam no anonimato, com os que votam e não se identificam é comparar o incomparável. Até porque se lerem tudo o que escrevi nunca chamei cobarde a ninguém, nem ao IP aka nº aka 510... Eu só lhe expliquei porque é que neste blog somos tão exigentes com os comentadores.

    Quanto ao resto estou a ver que tenho que escrever um livro. Não ia imaginar que este artigo fosse dar tanto que falar, mas ainda bem!

    os temas que se vão acumulando:

    Relações da Santa Sé com os regimes fascistas;
    As polémicas crimen sollicitationis e de delictis gravioribus;
    Quanto à refutação das 12 teses que eliminam hipótese de Deus existir escuso-me fazê-la porque são teses que não são novas e que têm refutação em muitos lugares, que o investigador atento e diligente não deixará de encontrar.

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  18. Ah! O meu intento não é lavar a história nem esconder os erros da Igreja (que a própria assume como eu nunca vi nenhum estado nem pessoa fazer, mas adiante). O meu intento é lutar contra o conhecimento leviano, telegráfico e jornalístico que anda por aí espalhado. Se tivermos que por haver acordos com Mussolini e Hitler há logo promiscuidade da Igreja em regimes fascistas também podemos dizer que há promiscuidade da Igreja na nossa democracia (nossa salvo seja, de Sócrates). E quem fala do nosso país pode falar de uma grande parte de países que têm concordatas com a Igreja. O que é que isso tem de promiscuo? O Vaticano não é um estado? Está proibido de relações diplomáticas com algum regime, ainda para mais porque é um estado sem regime, que não apoia rigorosamente nenhum?

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