30 novembro, 2009
Um Acordo Ótimo e Atual
Bem sei que é um assunto já muito batido, mas é infelizmente e constantemente renegado apesar da sua importância. Não tomem a minha opinião como um 'embirranço' eurocêntrico ou anti-brasileiro, não. Mas acho que é um sinal negativo um Governo regular uma coisa tão natural como a própria língua. Uma coisa é o Instituto Camões ou outro órgão do género 'recomendar' uma forma de escrever as palavras. No entanto, outra coisa é o Governo querer impôr esse Acordo que vai alterar grandemente as nossas vidas, sem o nosso consentimento. Em notícia do JN de Janeiro do ano passado, o ex-Ministro da Cultura mostrou intenção em aplicar o Acordo já em 2010. Desconheço, no entanto, como é que a nova Ministra da Cultura vai actuar.
Muitos proponentes do Acordo afirmam que vai ajudar a "uniformizar o ensino do Português a nível mundial" e fazer da nossa língua mais importante. Não vejo a relação. O Inglês é a língua estrangeira falada por mais gente e tem duas regras ortográficas - uma Americana e outra Britânica (center/centre; favor/favour; program/programme, etc.). A minha opinião (e de muita gente) não é baseada num anti-brasileirismo, não. Eu não tenho nada contra o Brasil, nem contra a influência cultural que tem (através das novelas, por exemplo). Eu até lia a Turma da Mônica quando era puto. Um Acordo Ortográfico impõe-se quando as pessoas já anteriormente começam a mudar elas próprias a ortografia. Se muitas pessoas e meios de comunicação, ou escritores, começassem a escrever "ótimo", eventualmente seria racional ser essa a regra. No entanto, não é esse o intento do Acordo. O intento do Acordo é impor-nos uma forma de escrever. E eu, pessoalmente, acho moralmente errado e anti-democrático, um Governo dizer aos cidadãos como escrever. E acho que, se isto for mesmo para a frente, todos aqueles que não se identifiquem com o Acordo devem continuar a escrever como acham melhor, e que, naturalmente, usem todos os meios políticos para conseguir impedir ou destruir este atentado à nossa língua. Porque a língua é do povo, não é do Estado.
Em jeito de conclusão, não me tomem como antiquado ou como xenófobo. Pelo contrário, todos os verdadeiros democratas devem rejeitar isto na base em que uma mudança tão importante na vida das pessoas nem sequer vai a referendo. E porque é anti-democrático uma política cultural de imposição, (há muita coisa errada na política cultural deste país, mas deixo isso para posts futuros) devíamos rejeitar. A língua é algo nosso, de cada um e de todos. Não é propriedade do Estado. É uma coisa natural, complexa e inexplicável (tal como a economia também) e especialmente espontânea. E não o pode deixar de ser. Num século XXI que se avizinha negro por causa da infiltração de um Estado proto-Orwelliano, aparentemente legitimado pela democracia, em todos os sectores da sociedade, devemos relembrar ao Estado a velha máxima "As pessoas não devem ter medo dos Governos, os Governos devem ter medo das pessoas." Mas isso será um tópico que vou desenvolver em futuros posts.
Porque racismo é burrice
29 novembro, 2009
28 novembro, 2009
Ámen II
A incompreensão que se possa sentir (penso que qualquer homem digno desse nome a sente) ao ouvir falar de abusos sexuais a crianças não legitima, automaticamente, que se digam inverdades.
Para se dizer o que quer que seja em relação à Igreja, em conformidade com a verdade, é preciso saber-se o que é, de facto, a Igreja, o que ela diz de si e do mundo e o que está por trás daquilo que diz. O texto é longo mas tem todo o direito a ser lido, com atenção redobrada por quem faz suas as palavras do artigo do nosso prezado e caro senador Rafael, em nome da liberdade de expressão e de contradizer.
I
Igreja (do grego ekklesia) significa, etimologicamente, assembleia e é o que ela é na realidade. Uma assembleia da qual fazem parte os baptizados mas na qual só participam os que querem. Portanto, a ideia de que a Igreja é uma instituição religiosa de papas, bispos, padres, freiras e monges, que (hoje em dia) vive pacificamente fora do estado mas que gostava de ter algum poderzinho temporal é um engano. A Igreja é uma assembleia onde o Espírito de Cristo se faz presente, onde os que nela participam O podem testemunhar e cuja missão é levar aos homens por todo o mundo a notícia do seu encontro pessoal com esse mesmo Cristo. Encontro pessoal: encontro de uma pessoa com outra pessoa e do qual resulta a felicidade extrema para a qual o homem foi criado. Daqui é claro perceber que a Igreja não pode ser uma instituição religiosa: é que o Cristianismo não é uma religião; uma religião é a procura de Deus/deuses/transcendências por parte do homem; diferentemente, o Cristianismo é o encontro pessoal do homem com Deus, em que Deus se encontra com o homem.
A partir daqui, podemos também concluir que a Igreja nunca poderia ser “Um grupo de indivíduos, que habitam num mundo distante, diferente dos restantes indivíduos a quem os primeiros chamam rebanho”. Como tal, Igreja e clero (papa, bispos e padres) não se confundem. O clero é um conjunto de homens que serve a assembleia, a Igreja. Os que servem são chamados ministros – ministério quer dizer serviço, na sua etimologia. Logo, o clero não é a Igreja; o papa, os bispos e padres fazem parte, como qualquer baptizado, da assembleia dos que se querem encontrar com Cristo e dos que se encontraram com Cristo mas não são ela nem seus donos.
II
Do acima exposto, podemos retirar que o que faz cada um dos membros da Igreja não influi, nem para bem nem para mal, na natureza da Igreja-Assembleia ainda que prejudique – e pode prejudicar e de que maneira, como podemos ver pelo escândalo noticiado – a sua missão.
Agora podemos discutir com outra perspectiva as considerações feitas pelo nosso caríssimo senador Rafael.
1. O IRA não tem nada que ver com a Igreja Católica, ainda que muitos dos seus membros se dissessem, ou fossem mesmo, católicos. Aliás, basta dizer que muitos dos soldados do IRA tiveram problemas com padres por causa da sua luta (fica para outras núpcias a discussão sobre a legitimidade desta última);
2. Não será esta a melhor imagem daquilo que representa a igreja católica em pleno sec XXI? Um grupo de indivíduos, que habitam num mundo distante, diferente dos restantes indivíduos a quem os primeiros chamam rebanho, e que de vez em quando surgem em público ora para criticar a aprovação de uma lei, ora para incentivar a disseminação de uma doença, ora para molestar criancinhas?
Uma imagem é uma projecção da realidade. A imagem de que se fala será a projecção da realidade que é a Igreja. Já vimos o que é a realidade da Igreja (embora que sucintamente e em linhas pouco sábias). Logo, essa imagem só pode derivar de um erro (desconformidade entre a verdade e o conceito subjectivo da realidade).
2.1. Porque não há indivíduos que vivam em mundos distantes: é uma una assembleia, como já vimos;
2.2. Se o conceito de aparecer de vez em quando corresponder a aparecer todos os dias está muito bem essa imagem, pois que todos os dias os ministros da Igreja se pronunciam em público sobre todos os assuntos que interessa à vida do homem de hoje, seja através de documentos oficiais, seja através de meios de comunicação próprios, seja presencialmente. Mas é preciso que a impressão que se tenha de público seja uma que corresponda a um conceito largo de público e não se restrinja meramente a uma comunicação social de carácter telegráfico e efémero que aborda os temas, problemas e acontecimentos de forma breve, pouco funda e até leviana. Nesse público restrito, de facto, os ministros da Igreja só aparecem de vez em quando (não todos os dias)– ainda bem. Por outro lado, confesso nunca ter ouvido ninguém da Igreja a incentivar a disseminação de uma doença (também pode ficar para outras núpcias) nem tampouco fazer apologia do molestamento de crianças. Essa é uma leitura inadmissivelmente tendenciosa de alguém que comenta uma notícia e recorta a parte que lhe desfaz o comentário, salvo o devido respeito a quem o faz. Vale a pena recordar o que disse o actual arcebispo de Dublin (que nada tem que ver com o escândalo) na mesma notícia: current Archbishop of Dublin, Diarmuid Martin, apologised to the victims, describing their abuse as an "offence to God". He said: "I offer to each and every survivor my apology, my sorrow and my shame for what happened."
3. Há ainda outra inverdade clamorosa quando se diz que os arcebispos não contaram nada à polícia: For their part, Gardai frequently ignored complaints from victims, effectively granting priests immunity from prosecution. The inquiry found that church authorities nurtured inappropriately close relations with senior police officers. (Gardai é a força policial irlandesa) Não há nada a acrescentar: pior foi a emenda que o soneto, maior o escândalo pela cobertura que o escândalo provocado pelos crimes, ou quase.
Assim, e em resumo, se um membro de uma instituição pratica um crime, todos devem com ele praticá-lo, com vista a deixar intacta a dignidade da santa sé (soa a mandamento?).
Este parágrafo é incompreensível face a tudo o que foi dito acima.
-Se o papa for nazi, todos o devem ser...
Este também o é mas em maior amplitude.
Deus nos salve! – Agora sem ironia.
27 novembro, 2009
A "Grande" Srª Thatcher
Aqui fica um dos seus melhores momentos:
26 novembro, 2009
Ámen
O Daily Telegraph, referencía hoje mais um relatório sobre 4 arcebispos que encobriram (com grande sucesso por sinal) abusos sexuais a menores, levados a cabo (ou à consumação como diria o prof Jorge Duarte Pinheiro) por alguns sacerdotes da igreja católica irlandesa.
Surge agora a questão, será este assunto que mereça comentário? Realmente não, mas ainda assim apraz-me tecer duas ou três considerações.
Consideração primeira: Ainda nós achávamos que os meninos do IRA eram o pior que a igreja católica "Dublin Style" tinha para oferecer.
Consideração segunda: Não será esta a melhor imagem daquilo que representa a igreja católica em pleno sec XXI? Um grupo de indivíduos, que habitam num mundo distante, diferente dos restantes indivíduos a quem os primeiros chamam rebanho, e que de vez em quando surgem em público ora para criticar a aprovação de uma lei, ora para incentivar a disseminação de uma doença, ora para molestar criancinhas?
No entanto,este maravilhoso conto clerical não fica por aqui, visto que na mente dos homens racionais tudo acontece por um mobile que justifique o comportamento.Qual foi então o nobre motivo destes simpáticos arcebispos para não comunicarem á polícia que se perpetuavam abusos a menores por parte de sacerdotes no seio da santa igreja católica? Óbvio, proteger o bom nome da Igreja.
Assim, e em resumo, se um membro de uma instituição pratica um crime, todos devem com ele praticá-lo, com vista a deixar intacta a dignidade da santa sé (soa a mandamento?).
Será que, tal principio será extensível ao Vaticano?
-Se o papa for nazi, todos o devem ser...
Deus nos salve!
Apresentação IX
QUEM É O EDDY???
Todos me conhecem por «Eddy», mas Ednilson Gilberto dos Santos foi o nome que os meus pais me deram na Guiné-Bissau, a terra onde vivi até aos meus 11 anos de idade.
Por motivos de força maior, os meus pais acharam que só havia uma forma de me proporcionarem um futuro melhor: sair da Guiné e partir para um país mais desenvolvido. Portugal foi a escolha e os motivos são mais que muitos: Históricos, Sociais, Culturais e Educacionais. Desde 1996 que aqui vivo com a minha família.
Quando cheguei à “Terra Prometida”, a luta pela sobrevivência e pela concretização dos meus sonhos havia começado. Ainda bem que não pagamos por sonhar, na altura era tudo o que eu podia fazer sem gastar o pouco que a minha mãe tinha para nos sustentar em casa. Os primeiros anos em Portugal foram, de facto, muito difíceis.
Sobrevivi. E o ínicio da realização dos meus sonhos começou na Escola Secundária de Miraflores, na qual fui Presidente da Associação de Estudantes durante quatro anos (2002-2006), o equivalente a três mandatos. Em simultâneo, pratiquei basquetebol na equipa do Sport Algés e Dafundo e pela qual fui campeão naciononal de Júniores da categoria B em 2002. No mesmo ano, frequentei o curso de Manequim Profissional e tive os primeiros contactos com o mundo da moda.
No ano 2007, entrei no curso de Direito na Faculdade de Direito de Lisboa.
Sempre fui muito atento à política e actualidade e, durante a presidência à Associação de Estudantes da Escola Secundária de Miraflores, fui confrontado com as várias forças das Juventudes Partidárias do Concelho.
Após ter demorado o tempo suficiente a sondar cada uma delas para escolher aquela que considerava ser a melhor, tomei a minha decisão: tornei-me militante da Juventude Social Democrata, a única com autonomia total nas actividades do concelho de Oeiras.
Desde então, o meu trabalho fora da Escola nunca mais parou. Achei que era a hora de começar a trabalhar para a juventude da minha área e contribuir para uma Juventude Partidária forte e organizada, da qual me orgulho e pela qual luto todos os dias.
Eddy dos Santos
Não sabes?

Coitado o rapaz precisa que lhe expliquem como se ele fosse mesmo muito burro. Amigo Marco:
Sport Lisboa e Benfica - 2º lugar em igualdade pontual com o primeiro. 10 jogos: oito vitórias, um empate e uma derrota. Trinta e um golos marcados e sete sofridos. 25 pontos.
Sporting Clube de Portugal - 8º lugar em igualdade pontual com o sétimo. 10 jogos: três vitórias, cinco empates e duas derrotas. Doze golos marcados e dez sofridos. 14 pontos.
Já sabes quem está pior Marquito?
25 novembro, 2009
25 de Novembro sempre! Parte III
Fica a curiosidade histórica de ver Mário Soares e Sá Carneiro lado a lado.
24 novembro, 2009
Apresentação VIII
Mérito e sentido de Estado: procuram-se.
Face Oculta - Escutas

Apresentação VII
Como caracterizar-me?
Começando pela componente sem dúvida mais importante na cultura portuguesa, sou Benfiquista, herdeiro, tal como outros 6 milhões, de uma mística futebolística inigualável.
Politicamente, pode-se dizer que penso de uma maneira muito estranha para um país como Portugal. Ou há pessoal que é de direita e é conservador, ou há pessoal que é de esquerda e não é. Ora, eu sou de direita e não sou conservador. Não gosto muito de rótulos, mas se me quisessem pôr um seria liberal clássico ou liberal de direita. Basicamente, acredito na democracia e na liberdade individual, num Estado que não sufoque a sociedade civil com um peso desnecessário, no livre-mercado, nos impostos baixos e na regionalização. Sou contra quase todos os tipos de conservadorismo e tenho um ódio profundo ao comunismo e ao fascismo. Também desprezo esta nova moda monárquica. É claramente um lobby da Lux, para poder ser tão vendida como a Hola.
Que mais há para dizer? Sou agnóstico, apesar de ter sido criado num ambiente profundamente católico. No entanto, não rejeito violentamente os valores cristãos, acho, como muita gente, que são mal aplicados; Gosto imenso de música, de ouvir e de tocar, e muito me ouvirão falar sobre essa coisa maravilhosa que é a música; sou um verde estudante de Direito, um caloiro da gloriosa Faculdade de Direito de Lisboa.
Acho que não há mais nada a dizer. Sendo esta a minha primeira experiência num blog, peço que perdoem quaisquer erros ou precalços que possam reparar, mas isto vai melhorando com o tempo.
25 de Novembro sempre! Parte II
Hilariante pela postura física do Almirante Pinheiro Azevedo, com as mãos no peito, feito forcado. A forma coloquial de conversa de café, os "pás" constantes e o remate final de "e agora vou almoçar pá!" dão o toque final. Tem as suas vantagens, não o podem acusar de não ser genuíno.
Preocupante porque este senhor, que até tem aspecto de bon vivant, foi Primeiro Ministro a braços com uma situação caricata e de difícil resolução política. O facto dos deputados da Assembleia Constituinte terem sido, por duas vezes, raptados durante os trabalhos não lhe facilitou o percurso político.
Nunca antes na história de Portugal se tinha visto um governo entrar em "greve".
Dá que pensar...
23 novembro, 2009
Democracia tipo Ucal
A democracia não é, nem deve ser, eterna. Tal como a mostarda, a manteiga ou o leite com chocolate também a democracia tem forçosamente um prazo de validade. A diferença está na altura em que se fixa o mesmo. Se há saída da fabrica é fixada a data limite de consumo de uma garrafa de azeite, o prazo de validade da democracia não é fixada à priori. Não há democracias a prazo. No entanto a maioria deve ser soberana, para o bem e para o mal.
Há valores imutáveis? Princípios inquestionaveis? Ideologias eternas?
Não, não e não! Ser democrata não é viver ao sabor da maioria. Mas ser democrata é aceitar e perceber os sinais dessa mesma maioria. Os nossos princípios podem parecer hoje os ideias, os que devem estar acima da lei. Mas se o povo decidir que não são? Se 90% da população de um país decide que quer um regime autoritário em vez da democracia o que devemos fazer? Estamos perante uma bifurcação perigosa: ou mantemos a superioridade intelectual, o povo nada sabe e nós os 10% é que estamos certos, é que somos donos da eterna razão; Ou aceitamos a decisão da maioria, não concordamos com a mesma, achamos que é a pior coisa que poderia acontecer. Ainda assim é o resultado da democracia.
Não tenho dúvidas em aceitar a segunda solução.
Se chegarmos a esta hipótese é sinal que maltratamos o regime. Deixamo-nos dormir na sombra de uma democracia (dita representativa) que foi morrendo, que (ironicamente) se foi afastando das pessoas e dos seus problemas.
E aí só nos resta, como bons amantes da democracia, aceitar a decisão da maioria. E depois lutar. Lutar pela democracia quando a perdemos. Porque nunca pensámos que ela tinha um prazo, mas tem...e está a contar...
Macau
25 de Novembro sempre!
Esta notícia do Público faz um relato histórico fantástico sobre os episódios que culminaram no 25 de Novembro. Com um ambiente de guerra civil, numa situação política altamente instável, parece quase um milagre não ter existido mais sangue derramado.
O que seria do nosso país se a situação tivesse evoluído no sentido da guerra civil e o comunismo radical imperado? A invasão da vizinha Espanha, com a ajuda dos EUA era uma hipótese em cima da mesa na política internacional. Viveríamos num país por certo mais pobre e com um Estado polícia, com medo do seu próprio povo. Por isso acabo da mesma forma que comecei o texto: 25 de Novembro sempre!
A morte lenta do PSD e do Sporting Clube de Portugal
Este é um excerto da coluna que Miguel Sousa Tavares escreve semanalmente em A Bola. Não é alguém com que costume concordar, não é alguém de quem goste especialmente. No entanto esta frase é sublime, subscrevo-a integralmente.
Comecemos então pelo clube de Alvalade.
Agora o partido que ora é PPD ora é PSD.
22 novembro, 2009
Apresentação VI ( e outras ideias inerentes)
Assim não me insiro com facilidade numa secção política. Mas acredito... Acredito que vai haver chegar o dia em que na televisão em vez de ser transmitido o Lech Walesa a empurrar um dominó comemorativo, possamos assistir á transmissão e ao destaque de todos os outros que ainda hoje lutam contra muros ainda que não físicos: Da fronteira de Tijuana á faixa de Gaza.
Acredito no dia em que não será assim tão diferente nascer em Nova Iorque ou na Cisjordânia.
Acredito no dia em que os referendos em Portugal serão propostos para salvaguardar a democracia e não para expressar tendências discriminatórias. E por aí adiante.
Por fim um agradecimento pelo convite, e espero que este blog se concretize como um espaço de interesses, tal como ambiciona.
Apresentação
Começo por agradecer aos meus colegas pelas apresentações feitas, pois permitiram, desde já, que percebesse qual será a postura de alguns no saudável debate que aqui terá lugar.
Quanto à minha apresentação: Gonçalo Carrilho, independente.
Em resposta à frase do blog sobre este povo que não se governa nem se deixa governar, e que serve por vezes de desculpa para tudo, aqui fica outra, apelando a um maior sentido de responsabilidade da sociedade em geral:
"Ninguém tem culpa do país onde nasce, mas todos são responsáveis pelo país onde vivem"
Prof. Adriano Moreira
Bom domingo.
Apresentação IV
Vou tentar, em tópicos, expor um bocado aquilo com que eu me identifico.
Em primeiro lugar, sou um Liberal. Para mim, a existência de um estado intervencionista, de um estado socialista, providencialista de mais, tem como consequência directa a existência de uma sociedade descaracterizada de valores como o Mérito, o Trabalho, a Ambição, o Esforço, onde os medíocres reinam e os bons são invejados!
Em segundo lugar considero-me tendencialmente conservador nos costumes: com isto não quero dizer que tenho uma mente retrogada do sec XIX. Quero sim dizer que existem valores enraizados na sociedade e na consciência colectiva e que têm de ser respeitados! Penso que terei mais oportunidades em explicar esta ideia.
Em terceiro lugar sou Católico Apostólico Romano. Deixo um vídeo sobre o assunto que, apesar de feito num modelo muito americano, ta bem feito. (Ze Diogo deves gostar)
Com estas três linhas, mto mal explicadas aqui fica um pequeno retrato meu!!
Até ao proximo post!!
Em
Apresentação III
Quem é este senador, de nome Daniel Reis?
É luso-canadiano, com algumas influências dos bifes, considerando-se por isso um cidadão do mundo. Diz-se divagador nas horas vagas, estudante de Direito, sportinguista, europeísta, ateu e republicano.
Politicamente parece que se enquadra na esquerda democrática, e afirma-se liberal quanto aos costumes. Quanto à economia, acredita nos benefícios de um Estado interventivo em áreas chave (justiça, saúde, educação) e regulador nos sectores de menor importância.
Daniel é ainda amante da liberdade individual, mas pensa que esta tem que ser temperada com um sentido de consciência social. Despreza por isso totalitarismos ou paternalismos de chefes pretensamente iluminados. Gosta do debate, do pluralismo e da troca de ideias, daí a sua participação num Senado como este!
A pergunta mantém-se. Quem é Daniel Reis? A resposta fica para o leitor descobrir.
No Principio era..
Seguindo o exemplo do primeiro dos senadores deixo também uma citação. Na minha língua, a Portuguesa (da qual muito me orgulho). Deixo o principio, daquele que tem tudo para ser um projecto bem sucedido.
"No principio era o verbo, a palavra e depois a rima,
Ao diário de bordo de uma nave espacial.
Presunção e agua benta, cada um toma a que quiser,
O puto pode não saber tudo, mas ao menos sabe aquilo que quer.
Nada de muito especial, tão simples que devia ser banal,
Paz de espírito, algum dinheiro, elevação espiritual.
O Manual não tem soluções, apenas algumas sugestões,
Outras tantas questões, envoltas em varias canções,
Á procura do caminho certo, nunca estivemos tão perto,
O primeiro acto esta no final, o livro fica aberto.
A lição foi bem estudada, a rota foi traçada,
Tripulação motivada, doninha ta preparada,
Vai começar, desaperta o cinto, acende um cigarro"
19 novembro, 2009
Ter filhos ou não ter
A reportagem que passou na RTP no programa Linha da frente ontem, 18 de Novembro, obrigou-me a tratar um tema que é urgente hoje e precisa de debate preocupado, soluções sérias e capacidade de abertura mental. Vale a pena ver a reportagem aqui.
Ela retrata quatro famílias: uma sem filhos, uma com uma filha, uma com um filho e uma filha e, finalmente, uma de seis filhas e quatro filhos. Mais profundamente, põe a nu e procura descortinar as razões para termos, em Portugal, um índice de natalidade tão dramático (drama que se estende por toda a Europa mas que, pelos vistos não preocupa toda a gente). O índice de fertilidade mínimo para a substituição das gerações (substituição, nem sequer é crescimento demográfico) é de 2,11 filhos por mulher. Actualmente vamos nos 1,36…
O modelo de família que o nosso século vê mais frequente corresponde ao das 3 primeiras famílias (a par das famílias monoparentais). Famílias com poucos filhos ou mesmo nenhuns (é isso uma família?) onde as razões para essa falta de filhos são:
- o dinheiro não chega para tudo;
- cada criança exige o seu tempo, tempo esse que, multiplicado por mais de duas crianças, não existe, numa sociedade em que homem e mulher trabalham a tempo inteiro;
- ter filhos implica abdicar da própria vida (projectos pessoais);
- os filhos tiram a “paz”.
Vejamos. O argumento de “o dinheiro não chega para tudo” é dado pelo pai de uma filha única que gasta cerca de 900 euros por mês na educação da menina (colégio, actividades extra curriculares), conduz um Audi A4 de 2007 (?) e trabalha num escritório amplo e bem mobilidado (que parece ser uma divisão da casa). Quando a filha lhe pediu um irmão respondeu-lhe peremptoriamente que não podia ser… Quando lhe pediu um cão, ofereceu-lhe um porquinho da índia, com trela, para lhe fazer companhia. (as imagens da menina solitária a brincar com um roedor seriam deprimentes, não fosse mágica a imaginação infantil que em tudo vê alegrias). É claro que o dinheiro não chega para tudo! Nem o homem mais rico do mundo tem dinheiro para tudo! Não parece que esta família não tenha dinheiro para acudir a custos necessários com o cuidado de mais que um filho. Portanto, é inegável que esta família, não tendo falta de dinheiro, prefere ter mais dinheiro a ter mais filhos. Prefere o conforto material que o dinheiro proporciona à geração de vida humana. Será falacioso afirmar que ele é o verdadeiro materialista, vive para o dinheiro mas não suporta viver para mais que duas pessoas (a mulher e a filha, se não se divorciar entretanto)? Quando digo “esta família” estou a falar de milhares de famílias em situação idêntica.
O problema de não haver tempo para dedicar aos filhos é geral, numa sociedade em que homens e mulheres trabalham no mínimo 8 horas por dia. Na luta do feminismo, que é legítima quando se debate a dignidade da mulher, perdeu-se de vista a maternidade como vocação da mulher. Ela, ao tornar-se igual ao homem no mundo do trabalho (e tantas vezes com mais qualidade), não subiu ao nível do homem mas rebaixou-se naquilo que tinha de superior. Aquilo que tinha de sublime na sua natureza feminina, o ser mãe, abdicou em nome de uma igualdade que a prejudica e nem é assim tão verdadeira! De outra maneira: contra o desequilíbrio provocado pelo quase monopólio dos direitos civis detido pelos homens e pela mitigada protecção civil das mulheres, a que acrescia o direito natural a serem mães, a luta feminista pelos direitos civis das mulheres esqueceu a defesa do direito a ser mãe.
Essa luta tinha, necessariamente, que ser feita mas era uma luta de todos, homens e mulheres, em nome da dignidade da pessoa humana.
Por outro lado, não se nega que não se gostasse de ter mais filhos. Mais! Num estudo da Associação de Famílias Numerosas, é demonstrado que a maioria das mulheres que têm filhos gostaria de ter mais. Donde, se não têm é porque não conseguem ou não podem. E se não podem há de ser por razões económicas ou sociais. Repare-se que os exemplos da reportagem não são de pessoas que vivem na miséria e não têm condições objectivas para ajudarem filhos a crescer (e quantos não há assim?); são de pessoas que exigem um nível de vida superior ao aceitável. Repare-se também que disse nível de vida, não disse qualidade! Comparem a criança que fala do seu porquinho da índia e do irmão que não tem com a que fala dos seus nove irmãos…
Temos em mãos um problema que é grave. E ao qual se referiu o nosso Presidente da República na questão “O que é preciso fazer para termos mais filhos?”. Obviamente a pergunta não se referia a actos práticos mas à criação de condições para que esses actos práticos (cópula) possam gerar prole. O país precisa muito de filhos, sem eles seremos em poucas décadas um país de velhos, sem segurança social, sem força de trabalho produtiva e sem todo o leque de direitos e apoios do estado a que tanto nos habituou o estado social. Sem filhos nada disto é possível e teremos cada vez mais uma sociedade onde cada um se fecha em si mesmo, sem réstias de fraternidade (de frater = irmão). É claro que cada um é livre de contribuir, ou não, para a construção substancial da sociedade mas ao lado de todas as liberdades existe uma coisa muito incómoda que é a responsabilidade (susceptibilidade de dar resposta, responsum) e a responsabilidade de um colapso demográfico do nosso país é de todos aqueles que, ostensivamente, não querem e se recusam a ter filhos. Incluindo, de forma especial, aqueles que não querem ter filhos em nome dos seus projectos pessoais. E esses têm que assumir essa responsabilidade, muito mais porque é um preço que todos, mal ou bem, vamos pagar. Em que se concretiza essa responsabilidade? Não sei mas talvez comece por reconhecê-la.
Apresentação
Obedecendo ao protocolo que exige uma nota de apresentação na primeira intervenção no blog, aqui vai aquilo em que acredito, sem tudo aquilo à volta do qual a minha opinião muda.
Carta de Princípio(s)
Antes de mais, cumpre explanar a mística e símbolos do blog Aparenta-se paradoxal a evocação simultânea do mitológico símbolo da pátria lusitana e do tão afamado órgão da soberania Romana. Paradoxal porque talvez Viriato não viesse a ficar satisfeito com uma conotação da sua pessoa com qualquer ideia que se reportasse aos seus arqui-inimigos. Acontece que a História veio dar lugar a um impressionante legado da Civilização Romana e nós, Portugueses,assumimos esse legado, juntamente com a restante Europa. Contudo, enquanto Portugueses, nunca deixámos de admirar as qualidades corajosas e o ímpeto temerário dos nossos mais remotos antepassados. Com o tempo foi se enraizando em nós tanto a idiossincrasia romana como a busca mitológica dos primeiros lusitanos.
Como resultado disto, propomo-nos a fazer este Senado Viratino. Também pode parecer paradoxal, pois que um Senado é composto de senadores e tem-se uma ideia de que um senador é um sénior. Ora, na Roma Antiga um senador era um patrício, portanto, um nobre e não, obrigatoriamente, um sénior. Chegados ao movimento Republicano do século XX deixou de fazer sentido, entre nós, falar-se em patrícios e plebeus, nobres e populares. A nobreza a que aqui aspiramos não é social mas individual; é a nobreza do espírito.
Mas o Senado não deixa de ser um órgão político. Um espaço de discussão sobre a Polis, onde ela se debate a si mesma e se apresentam remédios às suas enfermidades.
O apanágio do Senado é o pluralismo das ideias e o confronto das ideologias que, à maneira da síntese hegelina, fazem resultar na evolução, na verdade do movimento. Por isso os senadores são o mais diametralmente opostos, dentro do possível, com valores extremos e ideias distintas. Pode o assunto versar as causas etéreas da arte, religião e filosofia; bem como as causas mundanas da política, da sociedade e (até) do futebol. O debate dialéctico e retórico terá toda a garantia e liberdade, apenas limitado pelo tacto social e respeito: indispensáveis aos senadores civilizados. Este nosso Senado só assim se pode afirmar, com a diferença e com o respeito pela pluralidade.
São estas as coordenadas. A partir daqui, cada Senador por si.