"Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar."
Caius Julius Caesar

01 dezembro, 2009

A (não tão) Bella Italia

"Más de 55.000 personas afiliadas; decenas de grupos ?ultras? en los estadios de fútbol; bandas de rock nazi o identitario; agresiones contra extranjeros, negros, homosexuales. Bajo el sonriente paraguas de Silvio Berlusconi, vuelven a Italia las consignas totalitarias y la violencia fascista."

Era assim que se iniciava a reportagem do El País sobre o renascimento (ou será o despertar de um longo sono?) do fascismo em Itália. Venho aqui expressar a minha preocupação com este fenómeno que felizmente parece ainda não ter cá chegado.
O link para a reportagem, em castelhano (foi também publicada, pelo menos parcialmente, na Visão de 19/11/2009), é o seguinte: http://www.elpais.com/articulo/portada/fascismo/despierta/Italia/elpepusoceps/20091004elpepspor_8/Tes
Aconselho a leitura do artigo, que está muito completo e bem escrito. De qualquer das formas, queria realçar o seguinte: se o ressurgimento de organizações fascistas, racistas e xenófobas já é por si um facto aterrador, mais ainda se torna quando goza da protecção e às vezes incentivo por parte do poder; ou pior, quando essas organizações passam a ser o próprio poder (caso, por exemplo, da Lega Nord).
E neste contexto, é preciso referir um nome: Silvio Berlusconi. Silvio, o Duce (como já foi chamado), Silvio, o Homem do Povo, Silvio, o Playboy... podia estar aqui o dia inteiro porque este senhor já fez de tudo, quase sempre de uma maneira obscura e/ou ilegal. Ao longo dos últimos 20 anos, principalmente, este magnata das telecomunicações e do futebol foi progressivamente aproximando-se de grupos de direita e extrema-direita, com os quais convenientemente se coligou para ganhar eleições. E teve sucesso. Sempre em nome da Bella Italia (e bela é, de facto, o que só me entristece mais), Silvio tem feito aprovar impunemente medidas inconcebíveis - tentou até conferir a si próprio imunidade - e protegido grupos cuja própria existência é desafiadora de todas as convenções de Direitos do Homem, ratificadas pela Itália. É o "paraguas" (guarda-chuva) de que fala o El País.
Berlusconi conseguiu reduzir a população cigana italiana em 80%: o resto, encarcerou-os em guetos. Não contente, forçou os médicos a denunciarem os imigrantes ilegais que lhes pedissem auxílio. Agora, depois de ter diminuído o orçamento das forças policiais, legalizou as milícias populares. E eu que pensava que as bruxas já tinham sido todas caçadas.
Esta é apenas uma pequena parte do terror. O artigo tem muito mais, e mesmo assim deixou aspectos de fora.
Agora pergunto: Não há ninguém que pare este criminoso? O Saramago sozinho não vai lá.

1 comentário:

  1. E anda o nosso senador Pedro preocupado com o cartão ao Cardozo.
    Só não se percebe a impunidade... Ou percebe-se.. Em Portugal é parecido, só que somos um bocadinho mais brandos: ainda só admitimos primeiros ministros/ministros que forjam licenciaturas, manipulam meios de comunicação, recebem milhões por projectos, financiamentos a partidos mergulhados em ilegalidade, dirigentes desportivos que se riem na cara da justiça, que se rebentem milhões de euros em deslizes orçamentais... Ainda não caímos no racismo, xenofobismo, homofobismo (e todos esses fobismos patéticos) mas não me admirava nada que também viéssemos a cair...

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